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RUA EM ANDAMENTO

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26.04.2021

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Consagrar a subjetividade

do que é corriqueiro.

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Com 16 anos eu comecei a vir pra Curitiba dar rolê de skate. Nasci em Campo Largo, região metropolitana. Dá uns 40 minutos de ônibus. Naquela época eu já lia livros e via muitos filmes, e isso me instigou a olhar pro que estava à minha volta. Comecei a prestar atenção nas pessoas ali comigo, se segurando nas barras, pagando passagens, olhando, disfarçando. Como se a flor que fura o asfalto do poeta furasse a lata do bonde bem ali na minha frente, furasse a solidão, me fizesse pensar que, além de mim, uma galera passava o dia trampando numa cidade e voltava pra dormir em outra. E a fotografia me veio disso, da vontade de querer guardar esses momentos. 

O meu corre é parecido com o da maioria das pessoas: acordar, trabalhar/estudar e voltar pra casa de bonde. Mesmo agora na pandemia. Mas boto fé que muita coisa permeia as obrigações da classe trabalhadora. Tem poesia nos gestos, tem os amuletos carregados de fé, as sacolas que cada pessoa carrega pra enfrentar a vida bruta. Com o tempo fui afinando meu olhar.

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Disso tudo, vi nascer um projeto. Documentar essas pessoas passou a se tornar político pra mim. Através de leituras e pesquisas, fui notando não só como algumas ideologias permeiam nossos modos de vida, como também permeiam nossos gestos. Uma pessoa que olha pro relógio em vez de olhar pra pessoa que acabou de pedir licença no ônibus pra vender bala, uma pessoa que vê uma senhora passando pela roleta mas mesmo assim fecha os olhos e dorme no assento preferencial. Não acredito que as pessoas só sejam ruins, mas acredito que não olhar para o outro nos faz esquecer do nosso papel histórico, nos torna ilhas, nos afasta da possibilidade de reconhecermos a nós mesmos na expressão, no gesto da outra pessoa. Ilhas talvez sempre sejamos. Tô no corre de enxergar os arquipélagos.

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Olhe para os lados. Há muitas pessoas como você, há muita beleza.

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Uma vez um amigo do trampo me parou no almoço pra falar de uma foto que eu tinha postado no dia. Era uma que fiz rápido no ônibus sem nem pensar muito: bati o olho, encheu a vista, e logo saquei o celular pra registrar. Foi uma foto que fiz pensando no gesto das mãos no colo, como se estivesse esperando algo. 

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Mas na real esse amigo viu outra coisa, me falou que a foto estava carregada de fé. Reparou não só nas mãos, mas nos amuletos que tinham nela: várias pulseiras, correntes e um relógio. É aí que a fotografia me encanta demais, eu enxergo uma coisa, mas o outro pode me apresentar muito mais do que tá ali. 

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Minha ambição é apresentar de maneira crua e documentar que todo indivíduo é histórico. É subverter símbolos, tentar consagrar o que é corriqueiro, evidenciar a humanidade que sobrevive dentro do sistema.

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