CRÔNICAS DE UMA CIDADE EM CINZA
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09.08.2021
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Este projeto nasce do propósito de documentar, e mostrar o cotidiano da cidade onde moro, Teresina - PI
As fotografias se concentram principalmente no bairro onde morei até os 27, no centro da cidade. No centro é onde se concentra o maior comércio da cidade, local de grande aglomeração. Eu procuro olhar as imagens já na forma mais crua o possível, e fotografar em preto e branco me traz isso. Das principais referências que tenho, como Sebastião Salgado, Mary Ellen Mark, e Vivian Maier, fotografar em preto e branco é quase como uma obrigação.
Minha fotografia se concentra principalmente nos retratos, e com isso, eu acabo criando uma aproximação com as pessoas que fotografo. A forma de se abordar varia de acordo com o momento, em uma procissão por exemplo, é muito mais fácil se aproximar com a câmera na mão, e retratar um momento natural. Na rua em si, quando vejo um personagem que pode entregar uma foto memorável, respeitosamente me aproximo e pergunto se posso tirar uma foto.
Teresina tem como curiosidade de ser a única capital do nordeste que não está localizada no litoral, por isso, de longe não pode ser considerada uma cidade turística. Mas é uma cidade muito rica em manifestações culturais, e de um povo acolhedor. Em Teresina há um meio termo entre um cotidiano corrido e vagaroso. Diferente dos grandes centros urbanos, como São Paulo, onde parar no lado esquerdo da escada rolante é um erro gravíssimo, aqui em Teresina tudo é mais lento, mais leve.
Teresina me inspira na fotografia, no audiovisual, e em tudo que eu faço. A cidade me inspira a questionar como eu posso resolver os problemas sociais e levantar o discurso do meu lugar através da fotografia e do audiovisual. Ela me construiu. O sol, o andar de ônibus e a pé, eu sou o que sou hoje por causa dessa cidade, o que eu vivi, aprendi, das pessoas que eu conheci, tudo isso vai me moldando. As procissões em dias santos, as manifestações e greves que estouram na rua por melhorias, o mercado central da cidade com sua história secular, são temas do seu cotidiano que busco documentar no projeto.
Vagar por aí sem nada especial em mente para fotografar pode parecer estranho para alguns. Pensando bem, é muito estranho mesmo andar por aí sem rumo certo, com uma Câmera na mochila. Mas quando aquela pequena mágica acontece, fotografar torna-se a coisa mais maravilhosa e natural a se fazer.
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É como contar uma história que possivelmente nunca mais acontecerá exatamente da mesma forma. Passar ao observador a sensação do que é estar ali naquele lugar, naquele momento, de tal forma que ao ver a imagem retratada, possa ser capaz de sentir o cheiro da rua. Em cada rosto, lugar, personagem, há uma história por trás. Contadas através de uma câmera.
Particularmente, a fotografia é um dos instrumentos mais fortes para resgatar a memória. Para compreender nossa realidade, e conseguir acessar esse lugar de encontro com pessoas e momentos felizes, tristes, duros, como é a rua em sua essência. Porque é nos momentos corriqueiros que está a morada de nossas melhores lembranças. Cada pessoa é um universo, um universo muito grande de memórias e afetos.
Fotografar, filmar, contar uma história. Eu faço o que eu gosto e se uma pessoa gosta das minhas fotografias, isso me faz feliz. Que continuemos contando histórias e mostrando a visão das coisas.
