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EU SOU PRETO,

NEGO VÉIO

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03.05.2021

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Desde o maternal, a diferença da minha cor já estava presente. Quanto mais retinto você for, mais complicado vai ser sua vida nesse mundo.

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Este projeto aborda o meu processo de identificação e aproximação com meu povo. O povo negro. A série segue em construção e tem o propósito de mostrar a minha conexão com minhas raízes e ancestralidade.

Descobrir esse processo, nesse período em que vivemos, me ajuda a saber quem é o Júlio César - ao mesmo tempo que, também, me traz muita tristeza. 

Desde o meu nascimento o racismo atinge pessoas pretas.  Nossos corpos têm sido desumanizados há séculos. Estamos cansados disso. 

 

O aumento do genocídio do povo preto aqui no Brasil - e fora dele - me trouxe diversas reflexões sobre como os corpos pretos continuam invisíveis e perseguidos. O movimento "Vidas Negras Importam" não pode ser apenas um movimento, tem que ser um estilo de vida. 

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O meu fazer fotográfico, abordando o registro dessa população, carrega uma espécie de autorretrato, um caminho de descobertas. A busca pela representatividade, tanto minha quanto a dos retratados, é muito importante nesse processo. Aquelas pessoas são semelhantes a mim e sabem que vou trazer um olhar diferente de uma pessoa branca.

Elas são uma porção do que me constitui enquanto pessoa, cidadão, nação e história. 

 

A maioria das pessoas que eu conheço na hora do registro, apesar de conversar pela primeira vez naquele instante, sempre me trazem uma sensação única de conexão com meus ancestrais. São meus irmãos e irmãs que foram separados no navio negreiro.

 

Eu me vejo nessas pessoas.

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O olhar tem muito significado pra mim, parece que consigo ver e sentir a pessoa, saber da vida dela. É um processo difícil de colocar em palavras.

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Aqui, todas as histórias são únicas, mas a maior identificação que eu já tive foi com a Janete. Encontrei ela no show do Jorge Aragão. Lembro que foi muito marcante a nossa troca, os olhares e sorrisos dela. Ela tinha medo da câmera, medo de não sair bem nas fotos. Quando a fotografei ela me disse "eu nunca saí tão bonita assim em uma foto. Obrigada por isso!", depois ela chorou. A partir de então nos tornamos amigos. Fotografei o casamento dela. 

Quero que as pessoas enxerguem a nossa beleza, que entendam que somos corpos livres e lindos. Que nossa cor reluz e brilha nesse sol. Vocês nunca entenderão nossas dores e eu não quero que entendam, mas sim, que procurem estudar e ouvir mais o que temos para falar. Sempre sorrio de volta após fazer os retratos, pois sei que aquela troca foi com um irmão ou irmã que foi separado de mim. 

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O olhar colonial que tanto falo nas minhas narrativas, deve ser parado. Ele desumaniza os corpos pretos.

 

A maioria das narrativas pretas foram contadas por pessoas brancas que não sabiam nada sobre o assunto. Quantas pessoas pretas estão em grandes veículos de comunicação? Quantas vezes somos capas de jornais, falando sobre nós e não apenas de violência? Quantas oportunidades temos para fotografar uma capa de revista? Quantas vezes somos contratados para documentar o Brasil? São tantas coisas que poderia falar aqui que não iria caber em palavras.

 

Esse olhar nunca deixará de existir. Mesmo a nova geração da fotografia dizendo que é antirracista, continuo vendo vários e várias repetindo a mesma ação que a velha geração. Por isso o mundo precisa de mais debates raciais, e esses debates precisam chegar na fotografia. Meu trabalho tem o intuito de mostrar a beleza do povo preto, mas também, comunicar as nossas dores e denunciar nosso genocídio. 

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