

CUBA:
VINTE E UM DIAS
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
04.01.2021


_______________________________________________________________________
Da sacada do apartamento na calle Manrique, centro de Habana, observava o bate-papo entre os vizinhos de uma janela à outra. As crianças uniformizadas voltando a pé da escola, os carros antigos, coloridos e o movimento de uma cidade que vai muito além do que imaginava.
Os dias com mais de 15 km de caminhada, muitas vezes sem rumo, eram pautados por cenas que demonstravam Cuba de outra forma, distante dos estereótipos que aparecem ao redor do mundo.




"Espanha?", "Argentina?"
perguntavam os cubanos.

Perguntavam sem qualquer cerimônia, quando nos cruzávamos a calçada. A resposta, embora negativa, era recebida com bastante entusiasmo.
"Do, Brasil!” À época, uma novela brasileira era transmitida no país e muitos usavam esse assunto para se aproximar e conversar.
Havana ficou para trás após mais de uma semana de imersão. O destino seguinte era Varadero, conhecido por seus luxuosos resorts. Por sorte, ficamos na casa de uma senhora de 80 anos de idade, María.
Ela deixou os poucos dias naquele paraíso ainda mais enriquecedores. De lá, as próximas cidades foram Cienfuegos, Santa Clara e Trinidad, que representaram uma verdadeira aula de história sobre Cuba e sua cultura.

O trajeto não parou por aí. A ideia era cruzar toda a ilha e assim fizemos. Antes de partir para o leste cubano, Cayo Coco nos proporcionou um dia de mar azul cristalino. Em seguida, após uma noite dentro do ônibus, Santiago de Cuba revelou outra face do país, não tão tomada pelo turismo. Já a pequena Baracoa, com suas paisagens exuberantes, nos conquistou a cada minuto.

"Cuba é um país de pessoas nas ruas"



Lembro de estar andando às 3h pelo centro de Havana, num percurso de quase 3km e não vimos nenhuma rua vazia. Sempre havia uma família reunida, dois amigos conversando ou mesmo uma pessoa apenas parada em frente a sua casa. E isso é um prato de cheio para a fotografia de rua. Tão cheio que após as caminhadas de 15km diárias, voltava físico e mentalmente cansado. É possível ficar parado o dia inteiro em uma esquina e presenciar de tudo
A hospedagem em casas de família ao longo de toda viagem só multiplicou para melhor a experiência. Entre um café e outro, a conversa perpassava assuntos como a situação política, a segurança, a saúde, a liberdade e os sonhos de cada uma daquelas pessoas.




